A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza na quinta-feira (14) audiência pública para debater o projeto de lei da Câmara que regulamenta e expande os contratos de terceirização no país. O debate tem início às 9h, no auditório Petrônio Portella.
Para a
audiência pública, sob o tema “Terceirização: A revogação da lei Áurea e
trabalho escravo”, foram convidados o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel
Dias; o procurador-geral do Trabalho, Luis Antonio Camargo de Melo; o
presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra), Paulo Luiz Schmidt; o presidente do Sindicato dos Servidores do
Poder Legislativo (Sindilegis), Nilton Paixão; e o presidente da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas de Moraes.
Também
deverão participar do debate representantes da Universidade de Brasília, da
Ordem dos Advogados do Brasil, do Fórum Permanente em Defesa dos Direitos
dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização, do Fórum Sindical dos
Trabalhadores e do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, além
do responsável pela exposição do vídeo: “Vovó Leontina”, Pedro Paulo Pinto
da Rosa.
O PLC 30/2015 (ou
PL 4330/2004, na Casa de origem) também será debatido em sessão temática no
Plenário, a ser realizada no dia 19. Já aprovada pelos deputados, a proposta
aguarda a designação de relator na Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ). O texto também foi encaminhado para exame da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Votação
polêmica
Aprovado
na Câmara após muita polêmica, o projeto regulamenta o trabalho terceirizado no
setor privado, cria regras de sindicalização dos terceirizados e prevê a
responsabilidade solidária da empresa contratante e da contratada nas
obrigações trabalhistas.
Durante
sua votação, os deputados aprovaram emenda que permite a terceirização das
atividades-fim das empresas do setor privado e que alterou diversos pontos do
texto-base da proposta. De autoria do PMDB e do Solidariedade, a emenda foi
aprovada por 230 votos a 203. O texto não usa os termos atividade-fim ou
atividade-meio, mas permite a terceirização de qualquer setor de uma empresa.
A emenda
também ampliou os tipos de empresas que podem atuar como terceirizadas, abrindo
a oferta às associações, às fundações e às empresas individuais (de uma pessoa
só). O produtor rural pessoa física e o profissional liberal poderão figurar
como contratante.
Outra
mudança em relação ao texto-base é a diminuição, de 24 para 12 meses, do
período de quarentena que ex-empregados da contratante têm de cumprir para
poder firmar contrato com ela se forem donos ou sócios de empresa de
terceirização. Os aposentados não precisarão cumprir prazo.
A
quarentena procura evitar a contratação de ex-empregados por meio de empresas
individuais. Já a subcontratação por parte da contratada (“quarteirização”)
somente poderá ocorrer quando se tratar de serviços técnicos especializados.
A
terceirização da atividade-fim é condenada pelos sindicalistas com o argumento
de que fragilizará a organização dos trabalhadores e, consequentemente, sua
força de negociação com as empresas. Já os empresários argumentam que essa sistemática
de contratação trará mais agilidade e redução de custos para a contratante, com
efeitos na economia.
Regulamentação
Em
entrevista no último dia 7, o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou
que o projeto será debatido detalhadamente no Senado, e que a proposição não
será votada de forma apressada.
— É
evidente que o assunto divide opiniões. Nosso propósito é contribuir com a
regulamentação, mas colocaram coisas demais, virou um "liberou geral"
em relação à regulamentação da atividade-fim. E aí o resultado é a precarização
do trabalho, a diminuição dos salários. Temos que respeitar a velha senhora,
que é a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Não dá para concordar com um
novo modelo de desenvolvimento econômico do país baseado na retirada de
direitos trabalhistas — advertiu.
Na
avaliação do senador Paulo Paim (PT-RS), a regulamentação de contratos
terceirizados na atividade-fim das empresas precisa ser discutido com muito
cuidado e sem pressa no Senado. Em pronunciamento no Plenário no dia 5, ele
afirmou que o Senado precisa alterar ou até mesmo fazer um novo projeto
substitutivo, regulamentando os 12 milhões de trabalhadores terceirizados.
— O
caminho mais correto, adequado para aqueles que querem efetivamente
regulamentar a terceirização e não retirar direitos dos trabalhadores é
construir um projeto apoiado por todos os líderes — afirmou.
Para o
senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que se manifestou contrário à terceirização
de atividade-fim no dia 4, em Plenário, o projeto torna precárias as relações
de trabalho e retira direitos dos trabalhadores conquistados com muita luta.
Ele avaliou que, na forma como foi aprovada na Câmara, a proposta fará com que
a terceirização alcance o setor público, o que representaria um ataque frontal
à Constituição, que diz que o acesso ao emprego público deve ser feito via
concurso.
— Agora,
podendo terceirizar a atividade-fim e alcançando as agências reguladoras, as
fundações e as empresas de economia mista, nós poderemos ter talvez 80% dos
funcionários do Banco do Brasil ou de outras empresas semelhantes,
terceirizados. Isso fere a Constituição — afirmou.
Em visita
a Renan no dia 28 de abril, o presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Robson de Andrade, garantiu que o projeto da terceirização é importante
não apenas para o setor que ele representa, mas para a economia como um todo.
Segundo ele, mais de 12 milhões de trabalhadores aguardam pela regulamentação
do trabalho terceirizado.
— Estamos
dispostos a negociar, mas pedimos ao senador [Renan] que a proposta seja
votada. Ele entendeu os nossos argumentos e estamos marcando uma reunião mais
técnica para apresentarmos a proposta — informou o presidente da CNI.
(Com
informações da Agência Câmara)
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